quarta-feira, 28 de setembro de 2016

O lado que ninguém conta de se chegar em uma maratona II

Antes de tudo, aqui está a primeira parte caso queiram saber como tudo começou:

Uma vez que aquele primeiro desejo de correr uma São Silvestre estava realizado, pensei que pararia por aí. Não me via de forma alguma correndo meia-maratona. Que dirá uma maratona. Lembro-me perfeitamente quando ainda antes da primeira São Silvestre vi um corredor falando na Usp que fazia uma meia todo sábado por lá treinando e fiquei pensando o quão louco era um cara desses sem saber que viria a ser louco dessa forma, mas tudo começou quase sem querer com um convite/desafio de um amigo de Minas Gerais que ganhou inscrição para a Volta da Pampulha.

Com o apelo televisivo, a Volta da Pampulha era outra corrida que eu gostaria de fazeer, mas sendo em outra cidade nunca nem tinha pensado, mas ganhando a inscrição... Primeiro me dou conta que a distância era de 18k. Eu havia já corrido 15k com a São Silvestre e havia ainda uns 3 meses para eu acrescentar 3 quilômetros a mais em minha bagagem de corredor para encarar o novo desafio e assim fui para Belo Horizonte com minha primeira viagem para correr fora (teve Carapicuíba antes, mas vamos combinar que isso é quase um bairro de São Paulo né?).

A expectativa estava de volta semelhante ao dia da São Silvestre. A maior diferença é que dessa vez eu estava com esse meu amigo e um outro amigo dele corredores mais experientes e com distâncias de ultra maratona em seus históricos. A volta da Pampulha era quase treino de tiro para eles e ainda por volta do segundo ou terceiro quilômetro, deixei os caras seguirem em frente e e me encontrei com eles na chegada. 




A sensação que se passou voltando para casa com aquela medalha é que ela era-me mais importante que a São Silvestre pela distância maior alcançada. Uma semana depois, corria a Sargento Gonzaguinha que seria para mim preparativo para a São Silvestre de 2015 e já sentia alguns incômodos pelo corpo que pareceu culminar com uma dor absurda no joelho direito no dia 26 de dezembro em um treino que simulava a São Silvestre com o mesmo trajeto. Senti no meio do caminho entre os quilômetros 7 e 8 e estando o carro parado no final do trajeto, forcei a barra.

Abre-se grandiosos parênteses. Essa contusão era uma mistura de over training com falta de acompanhamento profissional ou conhecimento meu. A questão é que falei com uma fisioterapeuta e ela me disse que daquela forma eu não correria uma São Silvestre em uma semana. Eu disse para ela duas coisas. Um, eram apenas 5 dias e dois, eu correria.

Lógico que eu tinha em mente que eu poderia agravar de tal forma uma lesão que talvez não mais pudesse correr, mas paguei o preço por não ser atleta profissional. Não quero aqui de forma alguma incentivar a fazer o que eu fiz. Apenas alertar que numa dessas, você pode não correr nunca mais.

Resultado: Dois dias de cama, tensores nos joelhos, faixa sub patelar e terminei a São Silvestre decidido a cuidar de mim mesmo para poder continuar correndo. A questão é que o bicho da corrida já havia me pego e a primeira coisa que fiz ao terminar a Volta da Pampulha, foi-me inscrever para a Meia Maratona de São Paulo em fevereiro, mas obedeci esse sinal do corpo.

Comecei a fazer pilates para fortalecer musculatura e fui correr uma Eco Race no Parque ecológico do Tietê com os mesmos 18k para treinar para a meia em um sofrimento sem fim. Sofri bastante. Caminhei muito, mas ali eu percebi que realmente gostava de correr. Justo ao perceber que realmente eu poderia não mais correr. A questão é que aquela medalha de 18k estava empatando com a Volta da Pampulha em importância para mim e só quem corre para saber como cada corrida é absolutamente única.




Em fevereiro chegou a Meia maratona da cidade de São Paulo e com a ajuda do pilates, eu tinha melhoras consideráveis, mas essa prova foi sofrida pelo percurso mesmo, sem contar que na metragem de quase todo mundo dava cerca de 21k e 700 metros. Ali pela primeira vez eu corri a prova inteiro e quando já avistava a chegada no estádio do Pacaembu, eu abdiquei do ego de dizer que fiz a corrida inteira sem parar, ou "quebrar" como dissemos. Me restavam cerca de 600 metros. eu poderia e conseguiria, mas sentia meu corpo completamente quebrado e pensando no futuro, disse para mim mesmo que não precisava. Terminava assim minha primeira meia maratona andando e pronto. Depois eu mal tinha forças para ir para o carro. Aliás, não tive mesmo. A Daniela, minha mulher foi buscar para mim. Aquela medalha de meia estava valendo mais do que todas, mas a vontade de correr crescia...



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