quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Jam session

 Conversava com os ilustres amigos Mister Lúdico e David Dafre sobre a origem da expressão "Jam session" que para a minha sapiência era Jazz after midnight, ou traduzindo, algo como jazz depois da meia-noite. Uma reunião em determinada casa onde os músicos pudessem improvisar depois de já terem executados os trabalhos que lhes proporcionassem dinheiro em outro estabelecimento. Qual não foi minha surpresa au pesquisar e encontrar uma outra possível origem: jam viria de geléia, em alusão à mistura de estilos e mesmo de notas e acordes provenientes de tais encontros. Bem, jam não seria congestionamento? E assim poderia até mesmo fazer mais sentido, mas então vamos ao que ela acabou sendo configurada como com o passar dos anos.

Jam é uma reunião de músicos para tocar, onde a improvisação aconteça. Vai de cada jam o quanto ela é improvisada. Ela pode ser apenas na hora da improvisação propriamente dita depois da exposição de um tema de jazz, ou mesmo completamente livre onde os músicos sequer façam idéia do que vai acontecer. O que inicialmente era exclusividade de jazzistas, é hoje fácil de ver em rodas de chorinho ou mesmo em uma banda de rock.

Existem bandas que inclusive sobem aos palcos mundo afora sem sequer ensaiar, ou mesmo saber o que vai tocar. Algumas pessoas sentem um certo desconforto em audições de jam (sejam elas de jazz, choro, rock, música eletrônica, ou seja lá em que gênero seja, visto que mesmo a purista música erudita também possui seus adeptos), mas isso por vezes é completamente natural pelo simples fatos dos músicos estarem explorando novos caminhos naquele exato momento. 

Na cidade de São Paulo, pode-se encontrar uma jam nas quartas-feiras na badalada rua Augusta nº 1283 por apenas R$5,00 e 21:00h para que possam trabalhar tranquilamente no outro dia. Detalhe é que essa jam, sequer sabe-se quem vai tocar no dia, ou, toca quem aparecer. Nos intervalos entre uma música e outras, as conversas mais absurdas e atuais acontecem no palco para quebrar o clima. Nessa quarta especificamente, eu estarei com os dois citados no começo do texto e seja o que Deus quiser. Maiores info: www.hotseria.com.br


sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Insistindo no erro

Sabe aquele velho senhor com câncer no pulmão que não consegue largar o cigarro? Que fim pensas que ele terá? E aquele outro alcoólatra que está por perder a esposa que não aguenta mais? E aquele jovem promissor que viciado, começa a roubar dentro de casa para custear seu vício? Que fim devem ter esses personagens?


Poderíamos dizer que estão insistindo no erro?


Um dos preceitos dos "Alcoólicos anônimos" é que a pessoa em questão deve reconhecer o problema para sair dele. Esses pequenos problemas podem passar despercebidos pela maioria das pessoas, mas quando os problemas passam a ser com nações inteiras, o impacto é gritante e inerente. Vejamos alguns casos:


Os Estados Unidos correm o risco de enfrentar uma “década perdida” se reformas urgentes não forem colocadas em andamento. O alerta é do economista e matemático norte-americano Edward Prescott, ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 2004 e conselheiro do banco central dos EUA (Fed). Prescott defende que o presidente americano, Barack Obama, diminua gastos e impostos. A íntegra encontra-se na Veja.

Engraçado que essa medida também é frequentemente dada ao Brasil, mas segue-se na mesma. No caso de nosso país foi inclusiva sancionada a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), oficialmente Lei Complementar nº 101, é uma lei brasileira que tenta impor o controle dos gastos de estados e municípios, condicionado à capacidade de arrecadação de tributos desses entes políticos. Tal medida foi justificada pelo costume, na política brasileira, de gestores promoverem obras de grande porte no final de seus mandatos, deixando a conta para seus sucessores. A classe política no entanto tem a capacidade de subverter as leis conforme lhe convém...

Sobre o polonês Zygmunt Bauman viu nos distúrbios de Londres uma aplicação prática de suas teorias sobre o papel do consumismo na sociedade pós-moderna e também critica as diretrizes financeiras de seus líderes: O governo britânico está mais uma vez equivocado. Assim como foi errado injetar dinheiro nos bancos na época do abalo global para que tudo voltasse ao normal - isso é, as mesmas atividades financeiras que causaram a crise inicial - as autoridades agora querem conter o motim dos humilhados sem realmente atacar suas causas. A resposta robusta em termos de segurança vai controlar o incêndio agora, mas o campo minado persistirá, pronto para novos incêndios. Problemas sociais jamais serão controlados pelo toque de recolher. A única solução é uma mudança cultural e uma série de reformas sociais. Senão, a mistura fica volátil quando a polícia se desmobilizar do estado de emergência atual. Para ver mais do que foi publicado, O Globo.


E olha que muita coisa sai de forma controversa na imprensa. O recente caso sobre Carpegiani mostra-o indignado com um possível problema ético entre ele e Felipão. Vale a pena ouvi-lo falando sobre o ocorrido e o levantamento da questão do por qual motivo um profissional possa fazer isso. Rádio Estadão ESPN.



De forma completamente passional escrevo sobre Belo Monte. Sem conhecimentos técnico. Sem dados, sem nada. Apenas com o sentimento de que algo muito errado está acontecendo. Os argumentos que me são dados me fazem crer que poucos ganharão muito, com a desculpa de que vai ser melhor para todos. De que será implementado formas que já estão destruindo tudo. Estou escrevendo para o blog sentindo o coração dilacerado...

Parece que a ganância do ser humano não vê problema amanhã para os outros se ele pode agora ganhar muito.

Alguns amigos artistas conhecidos tentam fazer algo sobre Belo Monte e a imprensa não tem falado sobre o assunto. Haverá manifestação nesse sábado (20 de agosto) 13 horas no Masp. Veja o vídeo produzido por eles para verem se se animam a pensar sobre o assunto:


Esse ato é mundial, mas pouco tem-se falado.

Escrevi de supetão, meio sem pensar muito tendo o que fazer. Misturei política financeira, sociologia, futebol e Belo Monte apenas por pensar:



Insistindo no erro?

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Coincidências



No fundo, penso que ela não exista e confesso que me tem acontecido uma série grandiosa de acontecimentos que poderiam me fazer achar que um sinal de algum outro plano astral estaria sendo-me dado, mas na verdade, penso que tudo acontece aleatoriamente, mas temos algo em nosso pensamento que faz com que focalizemos o que julgamos ser coincidente. 

Você entra no metrô e senta do lado de uma pessoa que está com o mesmo livro que você está em sua mão. Coincidência? Sim, claro, mas penso que foi mera obra do acaso, afinal, os outros milhares de livros que estão lendo (e lê-se muitos no metrô de São Paulo) não chamaria a atenção. 

Não se convenceu? Você estaciona atrás de um carro no semáforo e meio sem prestar atenção olha para a placa do veiculo que é exatamente um número superior ao seu. Coincidência? Se pensarmos como sendo o acaso novamente, sim. Matematicamente a possibilidade é de isso acontecer uma vez em 10 mil vezes, mas não teria você já estacionado atrás de 9999 carros, olhado despretensiosamente a placa e elas não chamaram a sua atenção?

O que na verdade tenho medo, é ver pessoas que procuram esperanças ou justificativas para suas ações através de sinal em que sua mente esteja buscando. 

Parece que precisamos encontrar âncoras para nossas esperanças para suportar as mazelas da vida e não penso que devemos perder as esperanças das coisas. Só não podemos canalizar as coisas em virtude delas. Isso vale muitas vezes para uma crença que se tenha, um talismã, um ritual, uma mania, um toc (transtorno obsessivo compulsivo), ou seja lá o que for. Isso serve inclusive para ditos livros de auto-ajuda. Quando cremos que algo exterior é o que vai determinar o que vamos fazer, sabotamo-nos por muitas vezes.

Existe um ditado que diz que nada acontece por acaso. Eu simplesmente penso que tudo acontece por acaso e não tenho a menor pretensão que pensem como eu. Ficaria feliz se soubesse que uma única pessoa tenha sentido uma pulga atrás da orelha. Alguém parou e pensou sobre outras possibilidades.

Na psicologia ações baseadas em interpretações de coincidências são chamadas de comportamento supersticioso.

Tente pensar nelas como obra do acaso. Não espere sinais e faça o melhor que você pode fazer no dia de hoje sem esperar os "tais sinais". Tenha o controle das ações em suas mãos e não transfira as responsabilidades para tais coincidências...

sábado, 6 de agosto de 2011

Making of

Ainda que de uma forma mais divertida. Essa postagem de hoje tem uma certa ligação com a de ontem quando o filosofar sobre o belo foi aqui proposto. Ainda nos tempos de faculdade vi um estudo de uma faculdade americana em que concluíram que em uma média, ouve-se 11 vezes uma música nova e você passa a aceitar. Isso é uma média que varia da complexidade da obra, passando pela apuração musical de quem a ouve, mas vários fatores entram em consideração como a pré-disposição para gostar ou não de um artista/estilo e mesmo os clipes acabam influenciando. Eu por exemplo, recordo-me de vários clipes em que vi tanto que quando dei-me conta estava gostando daquela música que antes não.

Muitas vezes quando entendem-se contextos e como foi feito determinado trabalho e você passa a já o olhar sobre uma nova ótica. Veja o pequeno curta abaixo:


E como a sua percepção pode ser fortemente alterada com o making of de algum trabalho:

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

O que é o belo?

Ainda na faculdade, li um livro intitulado "Do belo musical" de Eduardo Hanslik. Ele defende o seguinte pensamento: «o comportamento dos nossos estados emotivos perante um belo qualquer é mais objeto da psicologia do que da estética». Esse livro nada mais é do que um questionamento filosófico sobre o que é o belo. 

O dito que algo é belo aos olhos de quem vê, é exatamente isso. Em outras palavras, quando estou aula de teoria musical, sempre falo que quando a pessoa diz que gosta de música boa, digo que a mim, ela nada me fala. Você por acaso conhece alguém que diz que gosta de música ruim? Música boa então sempre o é do ponto de vista pessoal. Digo para meus alunos que um único argumento serve-me para uma música. Se ela me toca ou não.

Como músico, penso que devo ter uma análise para perceber se a música tem uma rítmica, melodia e harmonia rica. Se os músicos em questão possuem técnica apurada, mas mesmo assim, todos esses pontos podem ser ricos e eu simplesmente não ser "tocado" pela música. Ou uma música com 2 acordes "me tocar".

A música em questão no vídeo abaixo é Forever Dolphin Love do Connan Mockasin. A música é longa e é usado um vocoder na voz, alterando o timbre original dela. Isso por si só, seria o suficiente para alguém não ser "tocado" pela música e esse argumento acaba sendo o único válido para mim. No entanto, embora a maquiagem do clipe caminhe de mãos dadas com o caricato e o roteiro seja surreal, não pode ser dito que não seja bem feito e que tenha tido uma boa produção por trás pensando nesse trabalho.

O clipe possui pouco mais de dez minutos e prendeu a minha atenção sobre como seria o desfecho e ainda que em uma situação hipotética e longe da realidade, ela me faz pensar e definitivamente gosto da arte inquietante e instigadora. 


Para quem gosta de detalhes, vale uma tela cheia.